de amar, se Deus não me houvesse retirado sua graça.

— E esta carta?

— É uma sublime abnegação. Bela acreditou que era ela quem o condenava à pobreza e à obscuridade. Enganaram-na decerto, asseverando que o senhor tinha outra afeição; fez o que devia: renunciou à sua felicidade para não sacrificar aquele a quem ama.

Ricardo abriu a carta que a moça lhe restituíra, e leu-a de novo. Ali estava a alma de Bela, a santidade daquele coração em todo o esplendor. Fora preciso que a palavra pura e nobre de Guida lhe dissipasse a névoa dos olhos para que ele visse.

Erguendo os olhos, pousou-os brandamente no rosto de Guida.

— A senhora que lê no coração de Bela, inspire-me! Que devo fazer?

Guida voltou-se e colheu uma folha de avenca, nas fendas de um velho muro. Era um disfarce para ocultar o soluço que rompia-lhe o seio.