GRAMMATICA-NHEÊNGATÚ
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§ 15 — O B sôa sempre como si fôra precedido de M. Embora o B seja mais ou menos sensivel na pronúncia das diversas localidades e muitas vezes chegue a desapparecer, todavia deixa a mór parte das vezes traços da sua existencia duplicando o M, que, unico, persiste, — Ex. Mbeiú — bejú; Cambará — casta de Lantana — na pronúncia do rio Negro — fazem MeiúCamará e Cammará na pronúncia do Solimões. Si sobrevive o B, já não se tracta de pronúncia nheêngatú e, sim, de pronúncia decididamente portugueza.

§ 16 — O D sôa sempre accompanhado do N, formando o grupo ND.

Este D é tambem pronunciado muito sensivelmente no rio Negro, desapparecendo, ou quasi, na pronúncia do Solimões e Baixo Amazonas, e tornando-se, ao contrario, outra vez sensivel no Pará. Ex.: no rio Negro e no Pará se diz francamente Caamundú — caçado; Mundé — recolhido; no Solimões — Caamunú, Muné, e no Baixo Amazonas — Camunnú, Munné.

O D puro não é nheêngatú, embora se encontre em muitas palavras, que no rio Negro correm como si o fossem, e são importações ou do Baré, ou do Baniua, ou do Manáos, linguas ainda hoje vivas na região, especialmente as duas primeiras.

§ 17 — O G é sempre precedido do N e forma o grupo NG. E’ este, na maioria dos casos, o producto do encontro de uma syllaba nasal com um S, o que normalmente, sinão exclusivamente, acontece quando os suffixos Sáua, Sára se encontram com Ãn, En, In, Õn, Un. Assim temos — Munhãngára — fazedor; Nheêngáua — fallação; Cininga — tinido; Nhoi-rõngáua — perdão; Iupirûngára — iniciador.

Todas as vezes que se encontra pronunciado ou escripto o G puro, ou se está deante de uma palavra portugueza, ou da pronúncia do Y, o I tapuio, na fórma como elle passou para o vernaculo; — é o caso de Apigáua, Igara, Igarité, que equivalem respectivamente a Apyáua, Yára, Yarité.

§ 18 — O H, como no vernaculo, tambem no nheêngatú não tem som proprio e apenas serve para indicar que o N, ao qual se pospõe, deixa de ter o seu som natural e adquire um som doce, bem conhecido como characteristico do portuguez e que corresponde muito approximadamente ao do Ñ espanhól, do GN italiano ou francez.

§ 19 — O C tem o valor do portuguez-brasileiro, isto é, vale S doce perante E, I, Y — Ceucy — as Pleiades: Ciry — liso, que se pronunciam com si fossem escriptos — Seucy, Siry.

Tem o som duro perante A, O, U — Ex.: Caá — folha, Coéma — manhã; Cuaiaué — deste modo.