Sem dó?... E talvez mais; sem um remorso!
Tu Zeno, assim me ensinas;
Filosofia austera,
Eu sigo a tua lei, por ti me guio.
Oh que esforço é preciso
Na idade do prazer, e do interesse!
Eu chorei, e meus olhos se secaram;
Nem mais em nova dor lágrimas novas
Terei para chorar; as dores todas
Fizeram-me tragar seus amargores;
Não há mais dor que apresentar-me possa
Nova taça de acético veneno.
O triste solitário,
Que em áspero deserto transviado,
De improviso se vê acometido
De cruéis serpes, que o pescoço lhe atam,
E cravam-lhe no peito
Agudas presas de peçonha cheias,
É a horrível imagem
Do estado meu, do meu duro martírio.
Mas quem poderá crer-me?