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Mas ah! triste suspiro,
Se esses ares alegres te abrandarem,
Se o seu bulício perturbar teu vôo,
Dos mortos no jardim vai açoutar-te, [1]
E entre jazigos tua dor recobra.
Como me apraz dos mortos o remanso!
Como dos mirtos sepulcrais o aroma
Faz o prazer libar da Eternidade!
Oh grata habitação! Oh paz suave!
Quando às minhas fadigas porei termo?
Oh meu suspiro, se acabar pudesses
Entre outros mil suspiros confundido
Nessa triste mansão! — Mas não, tens inda
De dar tua mensagem.

Passa a sombria pátria de Corneille [2]
Onde se ergue o honroso monumento
Da magnânima Virgem
Pelo céu inspirada,
Que a fereza dos homens queimou viva. [3]

  1. O cemiterio do Père La Chaise.
  2. Corneille nasceo em Ruão em 1606.
  3. Jeanne d’Arc (Pucelle d’Orléans), queimada em Ruão em 1431.