Pra teu canto esmaltar sem o marulho
Da vigília do dia; e como um gênio,
Que no leito desdobra mil prodígios
Ao cansado mortal em grato sonho,
Nesta hora me recordas
Ao coração lanhado imagens ternas,
Tão tristes, que ante mim se desenrolam
Qual penacho de fumo
De apagado brandão junto ao esquife,
Que um cadáver de virge'avaro oculta.
Oh Rossini das aves, que linguagem
Teu discurso soltou? Não é da terra.
Ah! cantas porventura
Os fastosos anais, a decadência,
Os triunfos, e a queda dos Romanos?
A saudade, as delícias da amizade,
Ou a história amorosa de uma vítima?
Marmóreos átrios, áureos peristilos,
Conquistas dessa indústria, que assoberba
A terra, o mar, os montes, e os abismos,
Tudo o tempo desfez co'a mão dos séculos.