Tua angélica voz, como um eflúvio,
Do mais íntimo d'alma a Deus exalças.
Sobre montes de ruínas dos Impérios,
Entre relíquias de abatido templo,
Ao qual somente o céu de teto serve,
E de lâmpada a lua, tu vagueias,
E te aprazes co'os sérios pensamentos,
Que os destroços inspiram.
No campo da batalha, o chão juncado
De ossos que alvejam, de quebradas armas,
Que sublimes lições aos homens ditas!
Tu és tudo, oh Poesia!
Tu estás na paz, e na guerra,
Nos céus, nos astros, na terra,
No mar, na noite, no dia!
Oh mágico Nume,
Que minha alma adora,
Do céu sacro lume,
Que abrasa, e vigora
O meu coração!