só deixava a batota quando o banqueiro suspendia o jogo. Ficava peruando, a filar cigarros, esperando um amigo, um conhecido, que lhe emprestasse uns cobres e, quando saía, a pretexto de negócios, era para ir para a Rua do Ouvidor, pescar alguma coisa para tentar a desforra.
Entrou na confeitaria, escolheu doces, frutas e, tomando um tílburi, mandou tocar para a Rua do Riachuelo. Para o jogo era cedo, raros seriam os pontos àquela hora. Às vezes o Junqueira, para matar o tempo, arriscava-se a bancar o dado. A roleta só funcionava à noite.
A estalagem estava enlameada, com poças fundas, mas, apesar da chuva, o trabalho prosseguia. As lavadeiras lá estavam, dobradas sobre as tinas, cantando e esfregando a roupa. A máquina do alfaiate trepidava com fúria e, sob uma coberta de zinco, um velho amolador, em mangas de camisa, pedalava com lentidão, afiando um machado.
Antes de chegar à casa de Ritinha, ouvia-lhe o riso vibrante: tinha visita. Esteve um momento parado, protegendo os embrulhos sob o guarda-chuva, mas não querendo despertar a coscuvilhice daquela gente, entrou no pequeno jardim, e, abrigado sob a latada, que gotejava, pediu licença.
— Quem é? perguntou a mulata.
— Mamede está?
— Oh! É o senhor? Entre. Então precisa pedir licença? Mamede não está, mas é o mesmo.
Apareceu à porta, risonha. Uma crioula gorda, com