Eram quatro horas da tarde quando Paulo, com um último beijo, disse adeus à Ritinha. Chovia e a estalagem triste, de desusada tranqüilidade, com as compridas cordas gotejando e oscilando ao vento, as tinas abandonadas, os coradouros vazios, parecia deserta. Dois pequenos agachados à beira de uma sarjeta, impeliam para a correnteza barquinhos de papel; galinhas muito murchas, encolhidas a um canto, tiritavam encharcadas.
A porta de uma casinha robusta mulher, encostada ao umbral, uma das mãos engastando o queixo, olhava, com melancolia, o céu carregado, cinzento, sem esperança de sol. Adiante, em outra casinha, a família jantava. O homem, já grisalho, em mangas de camisa, à cabeceira da mesa, os braços muito abertos, as bochechas cheias, todo derreado sobre o prato, devorava. Um pequenote, balançando as perninhas escalavradas, esmagava o bolo de feijão; a mulher, magra, triste, comia lentamente, com ar enfastiado. De pé, na penumbra, ao fundo, uma rapariga ruiva, com um prato sob o queixo, chupava talhadas de laranja, chuchurreando tão alto que se ouvia de fora, e um cão negro, sentado, com as orelhas atentamente fincadas, olhava o homem, à espera de algum bocado.
Meninos, com as calças arregaçadas, chapinhavam sordidamente na lama, aos gritos. Entrava