muito, sem pestanejar; de repente, com uma rabanada, saiu da cozinha e sumiu-se no quintal, aos resmungos.
— Coitada! - lamentou Dona Júlia; - é melhor deixá-la.
Na sala de jantar Paulo insistiu com a irmã para que aceitasse alguma coisa; ela recusou: "Jantara tarde. Não tinha vontade." A velha procurava pretextos para ficar a sós com ela, Paulo, porém, rondava-as fazendo as honras da casa, muito solícito e franco. A mãe atreveu-se a pedir, carinhosa:
— Deixa-me ficar um instantinho com Violante, meu filha.
— Pois não.
Retirou-se contrariado. Foi para a sala. As duas olharam-se, caladas. Dona Júlia tomou uma das mãos da filha, a tremer; pôs-se a beijá-la, sôfrega. Súbito, como se lhe faltasse a equilíbrio, oscilou e teria caído se Violante não a amparasse. Cerraram-se-lhe os olhos, todo o corpo amoleceu, inerte, tombando sobre uma cadeira. Violante gritou; Paulo acudiu a correr:
— Que é?
— Mamãe... Olha como está. Não vá ser do coração, meu Deus.
— Eu já contava com isto.
Foi precipitadamente ao quarto, trouxe um vidro d'água sedativa. A velha não fazia o menor movimento; a respiração era estertorosa e cerrada.
— Nem há aqui uma pessoa para chamar um médico.