que eu lhe feche a porta. Se quer...
Ela não respondeu.
— Fiz o que fiz porque a senhora vivia chorando por ela. Eu devia ter ficado quieto. É assim: nunca o que faço agrada. Eu é que sou tolo.
— Paulo, pelo amor de Deus! deixa-me. Não me amofines mais. Se soubesses como tenho este pobre coração não vivias a torturar-me. Hás de sentir mais tarde, deixa estar. Velha assim mesmo e doente, como estou, sempre sirvo para alguma coisa. Deixe estar.
Felícia pôs-se a vociferar na cozinha, atirando panelas.
— Olha, vai lá ver aquela rapariga.
Paulo saiu a conter a negra. Quando ela deu com ele aprumou-se hostilmente, com os olhos muito brilhantes, parados. Ele receou repreendê-la. Chamou-a com mansidão procurando acalmá-la:
— Então, velha? que barulho é este?
A negra avançou e curvando-se, com o braço hirto, como a mostrar alguma coisa ao longe, rouquejou:
— Está ouvindo? Então não é assim? Vosmecê pensa que o mar não conta? vá lá na praia escutar. Eu estou aqui, estou ouvindo. Que é que ele fez? Mode quê? Uma voltou, outro não volta. Mode quê? Ela é melhor? não é. Eu também sou mãe. Quem manda está lá em cima.
Saiu precipitadamente ao quintal, o braço erguido para o céu luminoso.
— Ele há de vir também.
— Pois sim, mas é preciso que fiques quieta,