fico esperando. O mar está aí. Vá, vá, nhonhô. Não bula com quem não faz mal. Que é que eu estou fazendo? Vancê olhe - e, apontou o ângulo do teto, negro de fuligem: Ali é que ele mora.
Paulo começava a irritar-se. Avançou alguns passos e, violentamente, agarrando a negra por um braço, puxou-a, rasgando-lhe a camisa e, como não encontrasse resistência, numa raiva que crescia, que a inércia da louca parecia acirrar, esmurrou-a, atirou-lhe pontapés, e a miserável rolava, enrodilhava-se, com os braços pela cabeça, chorando humildemente. Dona Júlia, ouvindo a rumor, chamou o filho. Ele saiu, deixando a negra por terra, descomposta, gemendo.
— Que é? perguntou a velha assustada.
Ele respondeu ofegante:
— É demais! Também não se pode ter paciência de santo.
— Deste na pobrezinha, Paulo?
— Ah, não... Está uma fera. Não se lhe pode falar: assanha-se como uma víbora. Não estou para aturá-la. Louca, pois que vá para o Hospício.
A negra chorava alto, lamentando-se. Paulo quis voltar à cozinha.
— Deixa-a, pediu Dona Júlia. Não lhe batas, coitada! Não tem consciência do que faz. Deixa-a.
Ele deu uma volta pela sala e, lembrando-se de que a mãe nada havia comido até aquela hora,