redor. Então, sem temor, Cristóvão deu um passo lento. Os seus olhos esbugalhados sondavam a turba ruidosa: viu ali, gritando contra ele, todos os que auxiliara: o moleiro, a quem servira de alimária, e carregara os fardos, brandia contra ele um cajado; a viúva do ferreiro, a quem soprara a forja, tinha duas pedras nas mãos; - e as crianças, que ele acariciara no adro, gritavam: “Aos corvos! Aos corvos!” Então uma grande dor varou o seu coração simples. A aldeia não o queria mais. Como um bicho malfazejo, como um lobo, ele era escorraçado. Duas lágrimas enevoavam as suas vastas pupilas, que reluziam: e baixando a cabeça, com humildade, Cristóvão desceu o caminho. Então a multidão ganhou ânimo. As pedras, voando, bateram nas suas espáduas, cansadas de todos os fardos; uma seta entranhou-se na sua guedelha hirsuta. Cristóvão desapareceu.
Diante dele estava a serra: para a serra subiu lentamente. E uma só dúvida tumultuava seu coração: - por que o tinham perseguido? que fizera ele? Amava a todos, servia a todos. Era o que o seu trabalho não parecia bastante útil? Ele não podia tirar mais força dos seus músculos, nem fazer que, para a labutação, os dias fossem maiores. Por que o apedrejavam então? E uma recordação entrou na sua alma, a memória de Jesus, que só fizera o bem, e que