de terror, ou uma viva luz, que parecia alongar-se numa curiosidade sem fim. Humildemente, Cristóvão depunha o molho de lenha com respeito, como junto de um altar: e os monges, tendo seguido o seu movimento, baixavam e novo a face sob o capuz. Quando Cristóvão voltou à ermida do prior – ainda o encontrou estendido, com a cabeça pousada na pedra, dando por vezes um suspiro. Então, calado, foi sentar-se a distância numa pedra.
O Sol descia ao longe, vermelho como uma amora. Nenhum rumor cortava a placidez do ar. Os homens pareciam estar muito longe: - e depois daqueles dias passados na cidade empestada, Cristóvão sentiu toda aquela serenidade entrar-lhe na alma como uma carícia sem fim. Mas lembrava todos aqueles que deixara, e mesmo lhe parecia ver certos detalhes – a casa da esquina onde ele ia levar pão às crianças abandonadas, o velho a quem ia chegar a bilha da água. Decerto sentia a falta desses seres que socorria: - mas naqueles ermitas havia tanta fraqueza, tanta necessidade, que decerto seria doce ocupar-se desse serviço. O sol desaparecera. Todo o vale de rochas estava negro. Por vezes um grande pássaro escuro esvoaçava. Uma estrela pequenina luzia, depois outra. O santo prior orava, com a face sobre a terra fria. E Cristóvão, cansado, estendeu o imenso corpo na terra, adormeceu.