para eles os benzerem. E os ermitas tocavam as feridas, prometiam boas colheitas, sossegavam as mães dos endemoninhados.
Depois o prior subia ao púlpito rústico, feito de pedras, e enumerava as obras gloriosas da montanha. Onde houvera, mesmo na Tebalda, no tempo sublime dos Antãos, dos Pacómios, uma penitência mais alta? E mostrava as suas faces emagrecidas pelos jejuns, as suas carnes rasgadas pelas flagelações. Uma imensa admiração arrebatava as turbas piedosas. E todos queriam ver nos corpos dos santos a evidência da sua santidade. E só havia então ermitas mostrando as chagas que eles tinham assanhado, as pisaduras que lhes deixavam as pedras onde dormiam, os dentes estragados pelo pão azedo a que misturavam cinza. As mulheres erguiam as mãos, chorando. As mais ardentes arrancavam pedaços da túnica dos ermitas, que guardavam o seio como relíquias. Os velhos beijavam a terra onde eles tinham pousado os pés. Diante das cabanas havia multidões a admirar a dureza dos leitos, a bilha quebrada, o grande in-fólio. Alguns julgavam ver as pegadas dos anjos que visitavam os ermitas. Outros queriam provar o pão, ou, cheios de respeito, tocavam com o dedo nas disciplinas. Cristóvão era invejado por viver entre eles. Muitos queriam abandonar os casais, para servir os santos: - e havia sempre algum que, para