ficar na montanha, se escondia entre as rochas, e que era necessário expulsar quando o Sol descia, e a hora chegava da solidão e da prece.
Mas nessas noites, depois dos arraiais, as orações não eram tão profundas, nem as penitências tão altas. Cansados, sentados à porta da suas cabanas, os ermitas saboreavam, no silêncio do seu coração, a sua imensa santidade. Cada um se sentia famoso, falado nas lareiras do vale. Decerto a fama da sua santidade chegaria aos castelos. Os bispos falariam deles nos concílios. E mais tarde talvez suas imagens se ostentariam sobre os altares. E Cristóvão então via-os olhar complacentemente, acariciar as feridas da penitência, escolherem uma pedra maior para encostar à noite a cabeça. O prior vinha então congratular os seus irmãos. A sua face resplandecia. E era ele que relembrava os movimentos da multidão, e como a suas chagas tinham sido beijadas. E já certo do poder da sua voz, falava em descer à planície, pregar contra a relaxação dos Beneditinos. A sua estatura cada vez se erguia mais. Um dia mesmo mostrou em triunfo uma carta do conde de Ocitânia, que o consultava sobre os dízimos. E Cristóvão entristecia, era como uma saudade de outros homens mais humanos, e do riso das crianças. Era sobretudo como uma impaciência de toda aquela inutilidade dos ermitérios, os longos e ocos