silêncios, as horas passadas com a fronte sobre uma pedra, aquela imobilidade contempladora de onde não saía nenhum bem, nada que aquecesse o coração. Povoada por toda aquela inércia, a montanha ainda lhe parecia mais inerte. E vinha-lhe como um desejo de sacudir aquela imobilidade dos homens e das coisas, e com as suas mãos arremessar conjuntamente os ermitas e os robles, as caveiras e as rochas. e empurrá-los para alguma ação útil, mandá-los de roldão, pela montanha abaixo, a ser úteis aos homens!
O seu coração pouco a pouco se destacava daqueles amores. Já não corria tão alegremente a encher as bilhas; tanta cruz envolta por tantos braços, não lhe causava doçura na alma; e aborrecia as caveiras, com seu riso imóvel, oferecendo ao Sol a sua frialdade branca. Quando de noite as buzinas soavam, implorando o auxílio de orações irmãs, não se erguia em sobressalto apiedado. Toda a flagelação o impacientava. E nos dias de festa embrenhava-se nos altos da serra, para não presenciar o orgulhos dos ermitas, mostrando as feridas das disciplinas.
Um dia o prior mandou-lhe construir, com um madeiro, uma cruz da altura de um homem. Três dias Cristóvão trabalhou. E quando, enfim, cravou a cruz num ponto evidente da serra, onde não havia arvoredos, o prior chamou