sob a pele cheia de feridas: e nem chorava, com a mãozinha sobre a testa, onde as chagas eram maiores. Todo o coração de Cristóvão se enchia de dor. Lançou um grande brado pela mulher. Ninguém respondeu. Então, tomando a criança ao colo, seguiu sob os plátanos mas sentia, através das folhagens, alguém que o seguia. Pousou no chão a criança, afastou os passos. E voltando-se bruscamente, viu a mulher que saltava entre o tojo, arrebatava a criança e de novo sumia no mato.
Ao fim do caminho era a aldeia. As primeiras casas, junto de uma paliçada de estaca, estavam desertas, nuas por dentro, como saqueadas. Num uma rês de gado se via nos aidos. Nem uma foice pendia sobre a lareira. A uma porta, uma velha, mais magra que um esqueleto, olhava com os olhos fixos cavados no vago, e como deslumbrados de espanto. Um cadáver abandonado, que ninguém enterrara, tinha as mãos decepadas. Por vezes uma figura passava correndo, com os cabelos ao vento. Uma figura de mulher, de bruços, com os cabelos soltos, estava agarrada a um berço vazio.
Mas ao fim da aldeia, junto de um calvário, viu correr gente em magote. Um frade meio descalço, sem capuz, de olhos ardentes, erguia uma cruz, chamava a justiça de Deus. Como podiam os homens sofrer mais sobre a terra? Os senhores andavam em guerra, e daí vinha