luziram. Por toda a parte se acenderam fogos. Em torno deles os homens bebiam, jogavam os dados, ou escutavam um monge contando histórias do Diabo. Por vezes um grito de mulher espancada cortava o ar. As canções imundas abafavam o grito das sentinelas. E da colina, onde acampavam os chefes, vinha uma música doce de pífanos e atabales.
Cristóvão, no entanto, ia através das tendas. Se via um tuno ferido que punha pano nas chagas agachava-se para ajudar. Aos cavalos presos,que relinchavam voltando o focinho para água, ia buscar uma dorna cheia. E aliviava as mulheres dos fardos de lenha que os homens as obrigavam a acarretar. Mas aquela gente era má, queimava as aldeias, arrombava os sacrários, espancava duramente os animais, deixava as crianças morrendo à mingua nos silvados do caminho - e Cristóvão, alta noite, saiu do acampamento, pensando na sua simplicidade, que Jesus, seu amor, não o quereria entre aqueles corações duros.
Três dias e três noites caminhou, e penetrou por fim numa região de grande penúria. A terra seca, gretada, abandonada, nem produzia cardos. Toda a flor secara nas árvores. A cada instante, ossos de animais branquejavam nos caminhos. As gentes dos campos, que ele encontrava, não tinham mais que ossos sob os trapos que os cobriam, e os seus olhos brilhavam