Quem salvaria os homens? E Cristóvão caminhava cheio de dor, por não os poder salvar. De que lhe servia a força dos seus grande braços, toda a vontade do seu coração!? Alargando os passos, atirando os olhos ao longe, ele só procurava um meio de servir aos homens – e mesmo por vezes lhe vinha a idéia de reunir alguns miseráveis, e dar-lhes a sua própria carne a comer.
Um dia que assim pensava, chegou a uma terra onde viu homens cavando o torrão, outros arando, outros semeando. Um troço de besteiros vigiava aqueles homens, que a fome emagrecera: - e um, monge, com um tinteiro metido no cinto de corda, lia um rol de nomes. Eram os abades dos mosteiros, os bispos em concílio, que assim arregimentavam os mais fortes das aldeias, e por uma ração de pão os obrigavam a trabalhar, para que as terras não ficassem incultas e não fosse maior o tormento da fome. As mulheres, os filhos, vinham com eles para partilhar da magra ração de pão. Cristóvão pediu uma enxada; e tendo admirado a força dos seus braços, o monge indicou-lhe um campo a limpar do pedregulho e do tojo. Com que paixão ele se lançou ao trabalho! Era como se já estivesse saciando todas as fomes futuras. O tojo arrancado fazia montes junto aos seus grossos pés nus: -