e ainda por vezes acudia a ajudar os mais fracos, que tropeçavam sob um carreto de pedras, ou, exaustos, deixavam fugir a enxada das mãos. Em torno as mulheres, sentadas, imóveis, com os filhos em redor, esperavam que os homens trouxessem ao fim da tarde a ração de pão, junta num cesto que os besteiros guardavam: mas a sua fome era tanta, que se precipitavam sobre os semeadores, quando, mergulhando a mão na sacola, atiravam, com um gesto lento, um punhado de grãos. Os besteiros tinham de correr, repelir as crianças que gritavam.
Os olhos de Cristóvão estavam cheios de lágrimas. Por vezes, cavando a terra, dizia baixo: “Oh terra, dá depressa o pão! Oh terra, tem piedade!” E então os seus golpes de enxada tornavam-se mais doces, quase tímidos, como se receasse magoar aquela que implorava. Quando se distribuía o pão, ele tomava apenas uma côdea, e fazia partes iguais que dava às escondidas às crianças. Todos os olhos das mães se voltavam para ele. Os homens murmuravam pensativamente: “Tu és o melhor...” De noite ele seguia o bando dos cavadores, que iam dormir em largos alpendres, à orla da floresta. Mas raros eram os que se atiravam para cima dos molhos de palha. Uma grande velha, descarnada e esguedelhada, cujos olhos rebrilhavam como brasas, vinha rondar em