sentado no chão, com uma bacia de barro nos joelhos, cheia de vinho, esfarelar dentro grandes broas, que um criadito lhe trazia, ajoujado.
Deitado, nessa noite, numa velha cavalariça abandonada, Cristóvão sentiu uma grande paz, e como um calor que o envolvia, vindo menos da palha fresca em que jazia do que do sentimento vago de que alguém o estimava, o queria, necessitava dele. Era aquela criança tão linda, tão nobre, com os seus longos cabelos de ouro. E toda a noite sonhou que uma criança assim, cujos cabelos louros caindo sobre a camisa branca o envolviam num brilho de ouro, vinha desde a ponta dos seus pés, caminhava ao comprido do seu corpo, como por uma estrada desigual que galga montes e vales: os seus pezinhos mal pousavam; e chegada junto da sua face, a criança parava, e debruçada sobre os seus grandes olhos, parecia contemplar dois lagos tranqüilos e claros como espelhos. Depois no mesmo silêncio, e caminhando sobre o seu corpo, recuava até a ponta dos seus pés, de onde se elevava para o ar, resvalando num raio oblíquo da Lua, que entrava por uma fenda.
Ao primeiro alvor da madrugada, antes que a buzina das sentinelas anunciasse o dia, Cristóvão, saindo por uma porta aberta, foi rondar em torno do castelo. Nunca ele