vira construções tão magníficas. Uma longa muralha envolvia toda a colina. Os nenúfares cresciam na água dos fossos. E para além eram arvoredos, terras de cultura, por onde um rio, coberto àquela hora de névoa, serpeava por entre grandes choupos.
Desde tanto tempo havia paz naqueles feudos senhoriais, que a erva crescia nas fendas da ponte levadiça. A forca patibular, sob a clemência da damas que governavam, tinha as vigas apodrecidas e verdes de musgo. E sobre o torreão erguia-se uma lança, com um morrião espetado, e uma cabaça. significando que ali se dava hospitalidade a cavaleiros e peregrinos. As torres, de telhados agudos, eram inumeráveis, tendo todas bandeiras ou flâmulas, vermelhas e verdes, que esvoaçavam na brisa. Dragões, debruçados das ameias, vomitavam a água das chuvas. E em cada janela ogival, com brasões nas vidraças, havia um vaso escarlate, onde crescia uma açucena.
Dentro das muralhas, tudo era magnífico. Os lajedos dos pátios, polidos como os de uma igreja, eram cercados de uma bordadura de terra onde cresciam roseiras. O poço era encimado por um pombal que terminava por uma imagem de S. Marcos, onde as pombas vinham pousar, beijando-se sobre o seu grande livro aberto. Por trás da negra torre isolada, que servia de tesouro e de arquivo, havia um jardim