torrente. Mas quando o viram chegar, enorme, a escorrer água, e com os braços abertos para os receber, hesitam, pensando ser uma cilada do Demônio. A cruz que o abade traçou no ar, e que Cristóvão repetiu sobre peito, logo os tranqüilizou – murmurando entre si que então, certamente, era um auxílio do Senhor. Um por um, arregaçando o hábito, cavalgaram Cristóvão, e no meio do rio, sentindo a água furiosa bater a cinta do gigante, gritavam o nome da Virgem, estrela dos Náufragos. Depois, quando Cristóvão os pousava na outra margem, enxutos, era um espanto, e baixando os hábitos, reapertando as sandálias, riam daquela ponte viva que trabalhava nas águas. O abade passou, passou a sua mula. E os frades deixaram a sua benção ao gigante e um ramo de buxo benzido.
Começou então para Cristóvão uma vida estável, quieta, junto daquele rio. Nas horas em que não havia gente, esperava sentado numa pedra, olhando correr a água, ou então alargava o caminho e construía à beira da água, com pedras, como um cais onde a gente lhe subia para as costas. A cada instante, porém, havia alguém a passar – e como Cristóvão era já conhecido, os viandantes, do alto da colina, vinham logo gritando: “Eh gigante!” Alguns, mais brutais, se ele se demorava, rompiam em injúrias. Outros, que o vinho bebido nas tabernas