Com um gemido, logo se ergueu aquele bom gigante. Abriu o loquete da sua choça. E viu diante de si uma criancinha, pisando descalça a relva, com os cabelos a esvoaçar no vento e na chuva, e apertando sobre o peito, com as mãozinhas, a camisa muito branca que o cobria. Espantado, com lágrimas, Cristóvão abriu os braços.
— Oh meu menino, quem te trouxe?
E tremendo toda, no frio e na neve, a criancinha murmurou:
— Cristóvão, Cristóvão, estou sozinho e perdido, e por quem és te peço que me leves para a casa do meu pai!
Já Cristóvão arrancara dos ombros a pele em que se agasalhava, e envolvia nela o corpinho tenro que tremia.
— Oh meu menino, onde é a casa do teu pai?
A criancinha estendeu o braço para o outro lado, onde os montes negros se erguiam. E murmurou muito baixo:
— Além, para além, muito longe...
Mas um espanto tomava Cristóvão. Porque debaixo da pele negra de cabra, de novo a camisinha da criança aparecia rebrilhando na noite negra, toda branca de linho. Muito humilde, baixando para ele a face, o bom gigante disse, muito humilde:
— Oh meu menino, vem que eu te levo ao colo.