à lança e adormece, deixara o Inimigo penetrar no seu ser, com a facilidade de uma cobra que escorrega entre as tábuas mal juntas de uma cabana. Ainda ele, cada dia, ao escurecer, repousando à borda do seu eirado, com os olhos afogados nas estrelas, agradecia ao Senhor aquela doce misericórdia que caía na sua alma como uma fonte de leite – e já a Serpente bebia desse leite. O arbusto dá o perfume da sua flor, e não sente o verme: – Onofre não sentia o Demónio deteriorando a raiz da sua perfeição. Era então apenas nele, a essa hora de silêncio, de estrelas, uma recordação tão doce da cidade de Afrodite e da taberna de seu pai, que a cabeça lhe pendia contra a rocha e cerrava as pálpebras para reter, mais perto da alma, essas imagens, inesperadamente belas, de arvoredos, e casas alvejando entre os arvoredos, e alegres rumores humanos.
A taberna de seu pai era no bairro grego de Afrodite, junto à Porta das Areias, à orla de um bosque de mimosas e sicômoros que, por sobre uma colina mais alta que as muralhas, se estendia até um pequeno santuário de Esculápio.
Por aquele lindo bosque acompanhava ele sua mãe – que era grega, das ilhas Egeias – quando ela, já pálida, consumida pelos ardores do Egipto, ia suplicar a saúde ao deus helénico, o claro ídolo de barbas douradas, e