Então, para que esses pensamentos da sua vida entre os homens não lhe turbassem a alma, Onofre, na curta hora de repouso, ao escurecer, forçava os olhos a contemplar, uma a uma, as aparências do seu Deserto. Imóvel, à beira do seu eirado, considerava longamente as formas e as semelhanças das rochas – umas escarpadas, lisas, como muros de cidadelas, outras agudas, avançando na sombra crepuscular como proas de galeras encalhadas, outras redondas, em montão, de um alvor fúnebre, como crânios que restassem de uma antiga, esquecida matança. Meditava as serras que se estendem para o sul, a sua aspereza e nudez, os antros que decerto as escavavam, e os fundos barrancos, mudos, abafados em treva. Mais longe seguia a infindável lividez do areal, ondeando à