maneira de um sudário onde o vento fez pregas, até às orlas de um mar bravio, que não se avistava... E para além das areias, e das rochas, e dos montes, havia ainda outros montes, e penedias, e dunas, e pântanos, e solidões, que o separavam dos homens.
Então, lentamente, foi nele nascendo o espanto, depois o terror da sua solidão. Arrepiado, ele recordava as histórias outrora ouvidas no Galo a Amés, a velhos cameleiros das caravanas entre Berenice e a Líbia, sobre as gentes medonhas, as feras que povoam aquela região, a mais bravia de toda a terra. Pelas bordas do mar, erram as horrendas tribos troglodíticas, que não têm deuses, nem leis, se nutrem de peixe cru e das cobras dos rochedos, bebem sangue, possuem em comum as fêmeas felpudas, e saem de rastos dos seus covis de lama, para uivar à Lua. Ali, naqueles descampados, vive a mais pavorosa das feras, o touro-sarcófago, que come a carne humana, é cor de fogo, expele um bafo que resseca as plantas, e, alternadamente, deixa pender os cornos como membranas moles, ou os enrista para o ataque, tão agudos, e longos, e duros como dardos de ferro! Mas, terríveis entre todas as feras. eram essas serpentes do Deserto Arábico, tão compridas e grossas, que em repouso, e quando fartas, fazem na planície como uma colina de roscas e escamas, onde luzem no cimo,