como sudários; – e até lhe parecia que os montes se mexiam, como dorsos cansados que se estiram. Debruçado da sua esplanada, ele distinguia então o lento ondular de alguma serpente, cujas escamas raspavam as rochas: mais grossa que um tronco de cedro, ela avançava, silvando, colava a cabeça à alta escarpa do seu monte, e lentamente, viscosamente, subia, crescia tão perto, que as duas brasas dos seus olhos lançavam sulcos escarlates no rochedo. Com um grito, Onofre recuava, para se esconder na sua caverna –e surpreendia então alguma anca negra, uma cauda felpuda, desaparecendo pela abertura baixa. Cercado de monstros, caía no chão, a arquejar, esperando a morte, numa derradeira oração ao Senhor: – e quando erguia a face, tudo reentrara em imobilidade e mudez, e uma estrela luzia no céu, com serenidade. Mas o seu repouso não durava; outras visões surdiam logo da sombra inesgotável.
À beira da escarpada rocha onde se abria a caverna, no alto, começou, durante longas noites, um silencioso e confuso mover de larvas que se recortavam, nas suas formas diferentes, com uma cor lívida, sobre a negrura do céu. Eram gordas massas rastejantes, esguias figuras semelhantes a obeliscos, pescoços que se torciam no ar como fitas ao vento, tendo na extremidade uma cabeça guedelhuda... Em baixo,