Era o tempo das vindimas nas vinhas da castelania. Uma manhã, cedo, ao cantar das calhandras, quando o bom lenhador prendia ao cinto seu machado, partindo para o castelo onde ia rachar a lenha miúda, a sua companheira, que se sentara na arca com os braços cruzados, disse de repente, toda séria e vermelha:
— Meu homem, vamos ter um filho.
Ele ficou diante dela, mudo, como no espanto de um milagre. Depois balbuciou, pediu uma certeza. Ela estava tão segura, que já na véspera, enquanto ele andava trabalhando no souto, fora ao Mosteiro comungar, para que a Santa Hóstia fosse o primeiro alimento da criancinha que em si trazia, e que assim recebia logo o corpo e o sangue de Jesus. O bom lenhador