tornou a emudecer, como deslumbrado, coçando a barba rude. Então a boa companheira, pensando que ele, assim silencioso, se amargurava na alma com aquele filho que vinha para ser, como eles, um servo, preso àquela terra de florestas como qualquer carvalho que só serve para render, e quando não rende se abate, lembrou quanto a vida servil era fácil e branda nos domínios do bom castelão. Já tão velho, paternal, o bom Senhor amava os seus servos, e velava por eles como searas dos seus campos. Havia tantos anos que as masmorras estavam vazias, que o senescal perdera as chaves. Sempre que os homens eram chamados para compor os telhados ou limpar os fossos, voltavam contentes com bom salário. Quando, montado na sua mula, percorria as terras, parava a aconselhar os trabalhadores, sem mesmo consentir, nos dias de vento, que eles tirassem os seus barretes. O preço da moagem, e o da fornada, no moinho e no forno senhoriais, fora por ele abaixado... E a boa menina, herdeira daquele domínio, onde haveria outra tão caridosa e suave? Era ela que ligava, com seus dedos mais brancos que os de uma Nossa Senhora, a feridas dos pegureiros. Se a ventania levantava o colmo de uma cabana, logo ela o mandava consertar. Nos grandes frios, distribuía pelos velhos vinho antigo e peles de carneiro... Se a vida era assim fácil e branda