óleo grosso, e em bolhas. A abertura das ventas desaparecia sob o monco que nelas coalhara. E os seus dois olhos pequeninos, baços, não se desviavam de Onofre, tão medonhamente estúpidos, e de uma tristeza tão crassa e densa, que ele fugiu, para os não suportar, rolou para o fundo da caverna, soluçando de desespero. Longas, intermináveis horas passaram: voltou de rastos, a espreitar; a avantesma lá jazia, imóvel, luzidia de gordura, mais estúpida e triste. Furioso, o Solitário agarrou uma pedra, que lhe arremessou contra a tromba. A pedra não deu som: – o monstro, impassível, olhava estupidamente, tristemente o Solitário.
Gritou, com um grande gesto de excomunhão, o nome de Jesus Cristo: – e apenas o som da invocação santa morreu no ar mudo, a avantesma lá estava, maciça, crassa, gordurosa, soturna, olhando o Solitário com a sua tristeza estúpida. E assim foi durante intermináveis, angustiosas noites. Ou Onofre orasse, ou corresse aflito pela esplanada, ou se encolhesse a um canto da caverna com a face nas mãos – o monstro lá estava, na sua pavorosa imobilidade, tão lúgubre, tão estúpido, tão gorduroso, que parecia comunicar às rochas em redor, aos montes, aos céus, às nuvens, a sua gordura, a sua estupidez, a sua imensa tristeza. Onofre passava as noites chorando, gritando, de fastio e de horror.