que o refrescava deliciosamente. Mas o melhor bem logrado era a libertação do Demónio. Não voltara mais, o Pai das Imposturas, nas suas formas variáveis de sedução e terror: – e a terra toda estava para ele como limpa e vazia de Satanás, como um altar lavado de fresco.
Nas ruínas de um templo muito antigo, junto das muralhas, e onde escolhera, para se abrigar, o túmulo de um faraó, sob a terra, havia, pintadas e entalhadas sobre o resto dos muros, figuras execrandas: – e era um lugar temido dos cristãos, porque de noite todas essas imagens se despegavam da pedra, reviviam, e celebravam, sob a lividez da Lua, ritos abomináveis. Mas, para ele, só houvera naquelas ruínas solidão e sossego: – e até mesmo, desde que as habitava, na estação das chuvas, tinham nascido nas fendas das pedras flores silvestres, que se alargavam, trepavam, e punham em redor dele, e das suas longas orações, um perfume casto e grave de capela em festa.
Mas, ao fim de um ano que ali vivia, aquele terreno foi escolhido pelo pretor para a edificação de uma larga cisterna; Onofre, desalojado, dormia então nos currais: – e se os servos o repeliam, ia estender-se contente entre o lixo das ruas. Tão descarnado se lhe tornara o corpo, que as crianças, brincando na rua, nos bairros pobres, lhe chamavam o Pai da Morte. Muitas