obedecera a Onofre – e um frémito corria sobre a terra e o ar, como o de um terror submisso ante uma presença divina.
Então uma alegria sobre-humana trasbordou no coração de Onofre! Era dele, era dele, e permanente, o Dom do Milagre! Oh! quanto bem faria aos homens! E, no seu deslumbramento, corria através dos campos, com os braços abertos, como para acolher, estreitar, o Universo sofredor. Onde havia aí agora chaga que ele não sarasse? Onde havia mãe debulhada em lágrimas, sobre um esquife, a quem ele não restituísse o filho? Escravo que ele não remisse? Terra estéril de onde não fizesse brotar a lentilha e o vinho? – «Oh meus irmãos, meus irmãos, não receeis mais, Onofre pode, e está convosco!»
Ah! como Deus o amava! Mas também que obras! Cinquenta anos ele padecera pelos homens. Por cada dia de fome que ele arrostara no Deserto, o Senhor dava-lhe agora o poder de saciar a fome de um lar. E porque ele se abaixara a tanta humildade, ascendia agora a tanto poder! Um poder insondável e magnífico, que descia até aos remos escuros da Morte! César não tinha mais poder. Com os seus prefeitos, os seus lictores, e legiões mais bastas que as aves do ar, e máquinas de guerra rolando através da terra, César seria impotente para deter uma gota de água, caindo de uma nuvem. E ele,