dava os seus conselhos; e já por ordem dela, o bom mateiro todas as noites, com uma longa vara, batia as ramas do arvoredo que abrigava a sua cabana, para que não viesse nelas pousar alguma coruja, que, piando de noite, faria nascer a criança medrosa e com os olhos tortos. Mas o seu maior cuidado era queimar na lareira galhos de azinho, para que o leite da mãe fosse abundante e forte.
O inverno no entanto viera, tormentoso e negro: e nos longos crepúsculos, sentados na tripeça, ao lume da lareira, estes dois servos simples pensavam somente no seu filho. Ele contava, recontava na memória as peças de ouro poupadas naqueles longos anos e enterradas debaixo da arca, e noutras ainda que pouparia, para pagar o padre-mestre que ensinasse ao seu filho as letras e o latim... Por que não? Quantos filhos de servo tinham cantado missa nova! E a seu pesar, aterrado sob o orgulho incorrigível, via o seu filho com uma mitra cravejada de ouro, em vestes recamadas de ouro, atravessar sob um pálio os caminhos da aldeia, juncados de rosas e de erva-doce. A mãe, essa, calada, movendo o seu fuso, só via o seu filho pequenino, muito gordo, com a face cheia, lisa, e corada como uma manhã, rindo sobre o seu colo.
Uma noite, que ela assim pensava, adormeceu, fatigada de ter lidado, já pesada, todo aquele