que cercariam o altar onde pousassem os seus ossos! E, certo da divinização, ante-gostara as orações, que por ele se elevariam da terra! E como se lhe não bastasse no Céu a beatitude, apetecera desde já, na Terra, o Império. Sonhara com Roma – e queria César, vencido e humilde, oferecendo-lhe o mundo como um fruto maduro. Sete vezes insensato! Que, enquanto assim medrava horrendamente em soberba, e se divinizava em Terra e Céu, o Demónio estava em torno dele, e dentro dele, ocupando, saturando cada recanto do seu ser, como a água faz a uma esponja.
Que lhe restava? Só a penitência – só a penitência, feita na solidão, longe, muito longe de todas as suspeitas dos homens, para que nunca ela pudesse ser estragada pelos louvores humanos. Longe, muito longe dos homens – porque toda a virtude que entre eles se manifesta, logo que lhes arranca uma admiração, é mais cheia de perigos que um aroma muito sensual, ou um canto muito amoroso. A mais humilde esmola, a chaga de um mendigo que se lava, uma simples consolação, desde que se mencionem, são perigos terríveis para a alma, porque a persuadem da sua caridade e excelência. Pelo bem que semeamos nos outros, só colhemos dentro em nós orgulho – e cada obra da nossa caridade desmancha a obra da nossa humildade.