recobria os seus ombros; e o seu gemer não cessava, lento e cansado.
Com tanta dor e ternura o considerava Onofre, que a pobre mãe contou como aquele mal lhe viera, quando ele chegara aos dois anos, e ela ficara viúva, e a miséria se abatera sobre o seu casebre. Com o filho nos braços, mendigando o seu pão, ela percorrera os templos, onde os males se curam, escutara os conselhos dos que vêm de longe e conhecem as ervas salutares. Mas o mal de seu filho, nem homens nem deuses lho tinham curado. Tão pobre era que nem um pouco de leite alcançava para o consolar: – e sempre com ele nos braços, adormentando o seu sofrer, e sobre ele chorando, como podia trabalhar? A caridade dos vizinhos, pobres também, já se cansava. E em ninguém tinha esperança. Em ninguém tinha esperança!
Onofre murmurou:
– Jesus foi pequenino, e sofreu!
E então uma Voz, lenta e triste, mas em que havia a certeza e o orgulho de uma Força, murmurou dentro dele: «Ah! se tu quisesses, Onofre!...»
Todo ele tremeu. Se quisesse! Era outra vez o Inimigo incansável que lhe soprava na alma o calor do Pecado. Sim! se ele quisesse – aquelas feridas secariam, e aquele gemer findaria, e o pobre corpinho, como um galho seco, reverdeceria,