do Deserto! E, sem descanso, sem um queixume, sem um pedido, trabalhei na tua obra. Dá-me o salário que me deves! Que esta criancinha me sare aqui entre as mãos – e estou pago. Depois, se quiseres, abandona a minha alma!
Os seus braços trémulos, sem força, deixaram cair a criança – que a mãe agarrou, apertou sofregamente. Mas, oh prodígio! estava sã! Secas todas as feridas da face! Redivivos e límpidos os olhos, que num momento se alargavam e sorriam! Fresca, e cheia, e rosada por um sangue novo, a criancinha, que o mal chupara, colhida agora nos braços da mãe, já adormecera num longo, doce, infinito e profundo repouso.
Com ele assim no colo tão quieto, tão são, ela, na grande alegria do prodígio, nem se movia, sufocada: – e dos seus lábios trémulos, só fugira por fim um grito abafado de inquietação:
– E para sempre? E para sempre?!
Mas Onofre já desaparecera.
Deslumbrado, espavorido, corria tropeçando, ao longo da velha muralha, com os cabelos ao vento, as mãos ao céu.
Furiosamente, na sua alma, se erguera logo a certeza da sua santidade. E debalde ele queria recalcar, sufocar aquela afirmação do orgulho, que nele se desenroscava como uma