que descia ficaram parados, dourando com tons de ara o banco de pedra, onde Gil dizia as divinas histórias. Então o bom abade, pousando a sua gorda mão sobre a cabeça de Gil, afirmou que havia ali um agudo entendimento, e que bem devia D. Rui, pois tinha cabedal, mandar aquele moço estudar a França, terra de grande sapiência... O pai murmurou: «Tão longe!
Não. Não havia longes terras para ir buscar o Saber. Mais longe se ia a Jerusalém, para alcançar a Graça! E a sapiência, tanto como a Graça, conservava a alma limpa do mal... – Desejou então que D. Rui provasse o seu vinho branco. E tendo dado a ambos a bênção de Deus, e ordenado a um hortelão, que ali regava as plantas, que metesse num açafate cerejas e rosas para a Senhora D. Tareja, tomou o braço do noviço, porque tocara a vésperas – e ele devia dispor uma remessa de relíquias destinadas a uma herdade do convento, visitada, recentemente pelos repetidos flagelos do fogo, lobos e sezões. Os dois senhores beijaram a sua mão reverenda – e recolheram contentes ao solar, pelo caminho da Ermida.
Gil começou então a estudar com tanto fervor – pensando sempre nos louvores do D. Abade – que bem depressa soube tudo quanto sabia o doce Frei Múnio. Mesmo muitas vezes perturbava este discreto Mestre, com a sua