mergulha nos céus, o homem ascende aos altos segredos! Aquele a quem um mal aflige pode então recorrer a esse alto saber, tão eficazmente como a Deus por meio da prece: – e, na verdade, o bom sabedor da Grande Arte é como um Deus que percorre o mundo distribuindo a vida.
E destes pensamentos, que o conservavam de noite desperto, resultou que o gentil cavaleiro, deixando as armas cobrirem-se outra vez de poeira, se quis preparar, antes de novamente as tomar, com a grande ciência dos simples e das drogas. Começou então a estudar, assiduamente, com Mestre Porcalho, que se orgulhava deste discípulo, tão gentil e tão nobre. O seu dia todo se passava no horto, ao pé do rio. Sentados ambos sob a latada, D. Gil, com um pergaminho no joelho, escrevia todos os preceitos que lhe revelava o velho Mestre, para depois os decorar, passeando até desoras no seu quarto. Já sabia os princípios de Galiano e dos Gregos, as receitas de Rhazei e dos Árabes. E por um caderno mirífico, que Mestre Porcalho obtivera de um judeu, e que continha extractos do Cânon de Avicena, já conhecia vinte doenças, e as suas vinte causas, e os seus vinte remédios. Mas a experiência original e própria do Mestre não era menos valiosa; – e por ela aprendeu D. Gil todas as medicações que se devem aplicar segundo os meses – em Janeiro tomar