Mas de todas as ocupações humanas qual era verdadeiramente digna de que o homem nela pusesse a sua alma inteira, e a tomasse o fim do seu esforço na Terra? Não decerto vestir as armas, seguir um pendão, rasgar as carnes de outros homens, gritar no estridor das batalhas, para que o Senhor Rei possua mais um castelo, ou alargue, para além de um rio, as fronteiras do seu reino! Não decerto juntar maravedis, com eles comprar mais terras e mais servos, engrossar rendas, atulhar as arcas de sacos de ouro! Não decerto andar de solar em solar, com plumas no gorro, e um falcão em punho, galanteando as damas, conversando de Linhagens, justando nos pátios, e escutando os jograis que cantam ao serão!...
O quê então? E o seu espírito recaía naquela ambição vaga que o torturava, a ambição de tudo saber, de se elevar, pela posse dessa ciência, acima dos homens, e exercer essa supremacia toda em favor e bem dos homens. Quereria ter um saber que lhe permitisse fazer as leis mais justas, curar todos os males do corpo, enriquecer as multidões, estabelecer a paz entre os Estados, e guiar todos os seres vivos pela larga estrada do Céu. Para tal fim, só para ele valeria a pena viver. E, para o conseguir, não haveria trabalho a que se não sujeitasse, fadiga que não afrontasse. Veria, sem dor, o seu corpo penar, comeria as ervas