rara taberna, a água quente e turva de algum poço, fora todo o seu alimento: – e Gil pensava consigo que guerra assolara aquelas regiões, ou se seria assim, árida e triste; toda a terra de Portugal, para além do vale de Gonfalim.
– Meu bom Senhor – murmurava então Pêro Malho – nós vamos errando caminho.
E sucedia então que sempre algum pastor, ou frade mendicante, de barba revolta, ou caçador com a sua besta ao ombro, surgia de um valado, ou de entre rochas, e lhes afirmava ser aquela, bem direita, e bem certa, a estrada que os levaria a Zamora.
Pêro Malho, derreado, com os pés caídos fora das largas estribeiras, coçava a cabeça, pensativamente.
– Senhor meu amo, estes caminhos parecem arranjados para o Diabo andar de jornada... Já reparou Vossa Mercê que ainda não encontrámos nem capela, nem mosteiro, nem cruz a que se reze um padre-nosso? E o que mais me arrenega é que ainda não topámos com águas claras, com águas correntes... Onde não está água, não está Deus. Chão de greda é condado do Demónio.
E como D. Gil permanecia mudo, alongando os olhos para os secos descampados, onde só vivia a urze e a piteira, Malho recuava a mula para trás de seu amo, e suspirava baixinho: