passando, desde que entrei em terras de Leão, esta hora que vos devo é muito para ser lembrada.
O Senhor de Astorga pousou, sorrindo, os seus olhos redondos em D. Gil.
– Muito me recordais por vezes no jeito, no dizer, o vosso avô D. Rui!... E para onde vos ides assim, em tão longa jornada?
– A Paris, Senhor de Astorga.
O Senhor de Astorga moveu lentamente a cabeça:
– Grande cidade, fina cidade... Bons amigos lá tenho! Na Corte e nas Escolas.
Foi uma interessante surpresa para o Senhor D. Gil. Como! O Senhor de Astorga assim conhecia Paris, e as Escolas? Mais venturoso ainda fora, pois, aquele encontro, que dele podia tirar grandemente ensino e conselho. Que para as Escolas, em Paris, ia ele, por aquela jornada... Mas pouco sabia, na verdade, dos mestres que lá ensinavam, e dos usos dos escolares com quem ia acamaradar, e dos preceitos que se impunham a quem procurava o bom saber... Só estava certo, que assim era a fama em Portugal, que para quem desejava aprender, se devia ir às Escolas de Paris. Estava ali a Verdade.
O Senhor de Astorga alçou com solenidade as suas espessas sobrancelhas, alargou os olhos claros, e teve este ditame: