mais provinciano ainda é estarmos nós aqui, com grãos de incenso nas mãos, e pedras nas algibeiras, fazendo, através do grande mar, mútuas e lentas mesuras. V. Exª, de lá, de entre os seus sinceros arvoredos minhotos, ajanota as suas frases pelos figurinos de Filinto Elísio, para me dizer gaguejando, e com agridoce generosidade: «O meu caro amigo tem muito talento, com excepção de escrever muita tolice». E eu de cá, mais pérfido, porque habito as cidades, grito sem gaguejar, e com polida efusão: – «E o meu caro amigo tem ainda muito mais, sem excepção absolutamente nenhuma».
É infantil. Antes desperdiçássemos o nosso tempo, preguiçando patriarcalmente, neste doce calor de Junho, sob a figueira e a vinha... Mas quê! V. Exª, que estava brincando funebremente, a fazer no soalho, com tochas de fósforos, uma procissãozinha de moribundos, ergue-se de repente, corre para o Público, mesmo sem tirar o babeiro, e acusa-me, entre lágrimas de furor, de estar sempre a implicar consigo! Que havia eu de fazer, eu inocente e justo? Corro também para o Público, mesmo de jaquetão de trabalho, e brado profusamente com as mãos sobre o peito: «Nunca! É falso! Jamais impliquei com ele, e não lhe quero senão bem!»
A culpa de toda esta inútil prosa é portanto