A V. Exª, crítico sagaz de si mesmo, melhor compete avaliar o que, neste vale de prosa e lágrimas, tem feito para merecer que os seus amigos, como os amigos de César no dia das Lupercais, teimem em lhe enterrar até aos ombros esta dupla e pesada coroa da vernaculidade e da descompostura.
A mim só me compete lamentar que a estas mofinas proporções tenha sido reduzida, pelo zelo crítico dos seus amigos, a larga individualidade que nos deu o Amor de Perdição. Mas ao mesmo tempo adquiro o direito de rogar a V. Exª que, quando se queixar aos ventos e ao Chiado das pessoas que implicam consigo, como V. Exª diz, ou que desdouram a sua glória, como eu traduzo, não se volte para mim e para os meus amigos – mas olhe em torno de si para os seus admiradores, e para dentro de si mesmo, talvez.
A guerra de realistas e idealistas, causa primordial destas explicações, tornou-se já quase tão desinteressante e sediça, meu prezado confrade, como a guerra dos Clássicos e Românticos, a das Duas Rosas, ou essa outra que, para vantagem única dos livreiros que editam Homero, dois povos semibárbaros tiveram a paciência de arrastar dez anos em torno de uma vila da Ásia Menor murada de adobe e tijolo. Renovar tão antiquada guerra nas Gazetas, é já um acto imperdoavelmente provinciano: mas