desejo seria erguer em torno de sua morada um muro, um alto cerrado de tábuas, que a isolasse de toda a terra. E juntamente sofria em ter assim enclausurado o seu pobre Cristóvão, naqueles escassos palmos de cabana e de horta, em o trazer escondido como um fruto amaldiçoado, de que ela se envergonhava. Toda a sua alma simples e reta andava afogada em tristeza e sombra. E já não duvidava que a monstruosidade do seu filho, era o castigo que a Virgem Maria dera ao seu orgulho de mãe. Tão certa andara de que o seu Cristóvão seria divinamente lindo como o Menino Jesus que S. José erguia nos braços, que a Virgem se escandalizara no fundo dos Céus. E bem justamente! Como poderia o fruto, de um ventre servil, ser igual em beleza ao fruto de um ventre divino?
Uma tarde que assim pensava, movendo o seu fuso, sentiu na horta um rumor, e como pedras batendo a folhagem da cerejeira. Inquieta, abriu o loquete, e viu três pajens do castelo que por trás da sebe, joviais e cruéis, escarneciam o seu filho, e lhe atiravam, como a um bicho numa toca, pedras e torrões secos. E Cristóvão, mais forte que os pajens, mas sem compreender, apenas erguia a mão ante a face, imóvel no meio da horta assoalhada. Ela arrebatou-o desesperadamente para dentro, atirou a porta, enquanto os pajens, ofendidos com a audácia