de província, por noites claras de Estio, não se veio apoiar um vulto, de xale pelos ombros e os cabelos já dentro da rede, murmurando a Lua de Londres, enquanto por baixo o quintal dormia, e o relógio da casa da câmara ia batendo tristemente as dez! Pois, que se saiba, nenhum destes poetas, nem dos outros que têm sido entre nós os fornecedores selectos da sentimentalidade da província, teve jamais a alegria de receber qualquer prova anónima de simpatia inspirada – uma farta lampreia de ovos ou um par de suspensórios bordados a missanga. E todavia, quem como eles falou de amor e de beijos, de delírios, de corpos enlaçados, de virgens que lhes caíam aos pés, de corações patrícios sangrando por entre as cordas das suas liras? Com todo este tremendo reclamo feito aos seus encantos pessoais e ao seu extraordinário vigor amoroso, nunca houve em toda essa província uma exaltada, uma idealista, uma esposa de boticário, que lhes oferecesse, pelo correio, um coração que ainda não bateu senão por V. Exª!...
Humilhante indiferença para a literatura portuguesa! Alfredo de Musset encontrava, quase todas as manhãs, sobre a mesa do almoço, um bilhete aromatizado, cuja letra assustada e tremida revelava bem que a mão que a traçara estava ainda nervosa de ter tocado as páginas ardentes de Namouna ou de Rolla. As madeixas de cabelos anónimas, remetidas