A moda dessa coiffure vem de Paris, de algumas redacções do Boulevard ou dos corredores do Palais-Bourbon. Na mesma Inglaterra, com a sua vasta descentralização intelectual e social, a classe média não conta, porque, na realidade, os círculos eleitorais das pro-víncias só em questões muito graves, em questões de dinheiro ou dignidade nacional, têm uma opinião sua, e a fazem ouvir de alto: de resto, ocupada no seu trabalho, aceita submissamente as opiniões dos clubes de Pall-Mall, e dos jornalistas de Fleet-St., como aceita a forma de paletós que, para a season, é decretada pelos cortadores de Cook ou de Poole. Que será pois em Portugal onde, fora do pequeno centro de Lisboa, não há vida intelectual nem social?
O que um pequeno número de jornalistas, de políticos, de banqueiros, de mundanos decide no Chiado que Portugal seja – é o que Portugal é. Se um grupo amanhã decidir que Portugal seja turco – através do país inteiro todos os chapéus altos, todos os chapéus desabados, todos os cocos, todos os barretes de varino, tenderão lentamente mais ou menos a tomar a forma de turbante. Por ora, todavia, tudo é francês. A toda a parte chega esta ondulação do francesismo partida do Chiado – mais forte no Porto do que em Guimarães, mais visível em Guimarães do que em Lamaçal de Bouças, mas sensível para quem sabe ver debaixo das superfícies. Pode-