bicuda, que vem de Paris. Numa velha vila da província, um amigo meu entrou numa loja, uma sombria loja, cheirando a mofo, alumiada a azeite, para comprar um guarda-chuva. E, oh horror! eis que o lojista, um pouco pálido, de quinzena de cotim, lhe pergunta, erguendo-se detrás do balcão com o Gil Blas na mão: «V. Exª leu hoje esta deliciosa fantasia de Catulle Mendès?» Naquela loja respeitável, onde seu pai, de chinelos, apilhava, honradamente, os briches e as saragoças, o miserável lia Catulle Mendès! Mais ainda. Um dia, em Braga, abro um jornal e vejo este anúncio: «Na rua de tal, velas de cera, círios, tochas de qualidade superior, tudo o que há neste género de mais pshutt e becarre». Oh miséria incomparável! os santos encantadores do nosso calendário, patronos das nossas casas, fiéis e doces protectores do nosso lar, alumiados nos altares com círios pshutts, e com molhos de velas becarre! A este abismo levou o francesismo, na velha e católica Braga, o venerável e patriótico negócio da cera. Desgraçada cera, desgraçada Braga!
Mas é sobretudo na minha especialidade, na literatura, que esta cópia do Francês é desoladora. Como aqueles patos que Zola tão comicamente descreve na Terre, aí vamos todos, em fila, lentos e vagos, através do caminho da poesia e da prosa, atrás do ganso francês.