Quando ele embica para a relva, vamos bamboleando, pata aqui, pata acolá, em direitura à relva; se ele pára, com o bico no ar, todos parámos, com o bico no ar. De repente ele abre as asas, saltita pesadamente, e eis a fila grotesca, e pesada, e saltitante, correndo confiadamente para o charco! Fomos sucessivamente, em imitação do ganso francês, românticos, góticos, satânicos, parnasianos, realistas. Toda a incoerência, toda a afectação, toda a extravagância de uma literatura em decadência, ávida de originalidade, e desengonçando-se no esforço violento de encontrar uma altitude nova que espante o público – é imediatamente macaqueada a sério, com uma gravidade melancólica, que é o fundo do carácter nacional, por uma infinidade de moços honestos e simples.
Há dois ou três anos, esse colossal blagueador e cabotin chamado Richepin, publicou um livro, Les Blasphèmes, em que se propunha simplesmente a acabar de vez, por meio de algumas rimas brilhantes, com o sentimento religioso na humanidade, descrevendo obscenamente a afeição íntima de seu pai e de sua mãe. Era em casa de Oliveira Martins, e todos achámos imensamente divertida esta nova forma de respeito filial. Antero de Quental, porém, não ria.
– Isto para nós é grave – disse ele. – Porque amanhã vão aparecer aí, por todos esses jornais, estrofes