que nasce a estrela de alva até que a noite cobre o vale, Cristóvão trabalha com tanta alegria, que o pesar dos maiores fardos lhe parece uma carícia, e nas feridas piores de curar sente um perfume inefável. Ele lavra a terra dos velhos; desbasta as florestas a grandes golpes de machado; seca os pântanos, com grossas pipas que carrega às costas; puxa os carros para que os bois não se esfalfem; transporta aos ombros os coxos; guia os passos dos que não vêem; vai ao longe mendigar o pão e a lenha dos pobres; embala os berços; cava a sepultura dos mortos: - e quando não há vento, ele, retesando os braços, faz girar a mó dos moinhos. Constantemente o seu nome é gritado por cima da sebe dos casais. Este tem o burro doente, e é Cristóvão quem transporta os fardos; aquele precisa de um ceifeiro, e Cristóvão parte com a foice; aquele teto precisa de colmo, e Cristóvão trá-lo às braçadas; para fazer o casebre da viúva não há pedra, e Cristóvão chega de remota pedreira, gemendo sob os blocos da rocha. É Cristóvão quem sopra o fogo do ferreiro; é Cristóvão quem sacode, a matinas, a corda do sino; é ele que, sozinho, abre nos lameiros a calçada nova; é ele quem escava os poços nos pátios dos casais. À noite estava prostrado. Quando os grandes invernos alagavam a aldeia, abrigava-se num vasto alpendre que mal o cobria de todo: de Verão estendia-se